A beleza pode induzir a harmonia interna?

A beleza, enquanto conceito, já sugere, por si só, um entendimento refinado e profundo. A ideia do que é belo atravessa o tempo e permeia a vida do ser humano, tomando formas e valores, nas mais diferentes culturas. Estética, a ciência do belo, pode até parecer controversa, mas pauta nossas impressões sobre tudo aquilo que percebemos.

 

Os gregos tratavam a nossa capacidade de perceber as coisas e sermos afetados por elas de Aesthesis, daí a palavra estética. Temos cinco sentidos que se aguçam com maior ou menor intensidade de acordo com a beleza dos estímulos que se manifestam à nossa volta. 

 

Mas então o que é a beleza, essa força capaz de mobilizar nossa atenção e energia?

 

Estando diretamente ligada aos sentidos, podemos dizer que é um fenômenos externo, presente na natureza e em tudo que percebemos. Dizemos “que praia linda” ou “que flor maravilhosa”, também nos encantamos com os aromas, que nos proporcionam viagens incríveis, com as lembranças que trazem. O mesmo acontece com os sons e o vento que nos toca.

 

Entretanto,não há nada, em coisa alguma, que justifique o fato de serem belos ou não. O que faz com que uma árvore seja mais bonita do que outra? Uma música mais interessante do que outra? Uma fruta mais saborosa do que outra? Tudo gira em torno da opinião que construímos acerca de todas as coisas.

 

Os julgamentos que fazemos, para a construção das nossas opiniões, estão longe de serem uma deliberação exclusivamente racional, mas se baseiam nas sensações de admiração, espanto e prazer, que temos diante de determinado estímulo.

 

Portanto, respondendo à pergunta sobre o que é beleza, a resposta possivelmente seja: tudo aquilo que nos faz bem. Nossos sentidos são a ponte entre as emoções e os objetos, sons, aromas, paladares e pessoas, que ganham significado, fazendo-se belos.

 

As sensações são como diretrizes ou radares, que nos direcionam no tempo e no espaço, desenvolvendo capacidades cognitivas e afetivas, balizando nossas escolhas e decisões. E é claro, são nossas principais ferramentas para a busca da harmonia interna.

 

Atingir um grau de bem-estar geral, sentir a paz interior, é também um processo que ocorre de fora para dentro e que pode ser estimulado por nossas experiências, promovendo o crescimento e equilíbrio. O contato com o belo proporciona uma via de mão dupla: a experiência de prazer em relação ao meio e o autoconhecimento, já que entramos em contato com nossos desejos e necessidades.

 

A aromaterapia nos mostra, muito claramente, como sensações agradáveis podem trazer organização interna, equilíbrio e até mesmo a cura. O sentido do olfato fazendo o elo entre o exterior e o interior, afetando o nosso corpo e mente de forma positiva.

 

A beleza, então, deixa de ser forma, modelo ou conceito fechado e passa a ser o fio condutor de experiências que proporcionam crescimento e felicidade. Ser belo é ser livre para perceber o mundo.