Natureza e você, qual a diferença?

Será que existe um limite que separa o homem da natureza?


A questão é: quando falamos sobre o ser humano, não estamos falando sobre a natureza? E vice-versa?


Desde a Grécia antiga, esta é uma questão que ocupa espaço na área do conhecimento. Aqueles pensadores geniais já se ocupavam da reflexão sobre o conceito de natureza e se esforçavam para compreender o sentido do mundo.


Descobriram que a chave para a compreensão da natureza parte dela mesma. Seus processos, causalidades e efeitos, são os elementos que possibilitam as explicações sobre todas as coisas. O mundo natural possui uma ordem ou ordenação da qual nós, seres humanos, fazemos parte.


Portanto, a resposta à nossa pergunta é simplesmente não. Somos frutos do mundo natural e não existem limites que separam o homem da natureza. Seria impensável compreender o homem fora dela.


Voltando a falar dos gregos, aprendemos que cada elemento dessa ordenação natural, que eles chamavam de kosmos, possui características particulares e que, embora faça parte do todo, é dotado de uma individualidade e natureza próprias.


O homem é a única espécie capaz de se relacionar com a natureza a partir de raciocínios articulados, não somente guiado pela satisfação instintiva de necessidades. Nos relacionamos com o mundo natural de forma subjetiva, desenvolvemos cultura, criamos formas de trabalho, temos desejos e necessidades que se sobrepõem à simples sobrevivência.


Racionais sim, mas muito emocionais também. E esta complexidade natural nos tem levado ao grande desafio de estabelecer o equilíbrio entre o pensar, sentir e agir.


Então chegamos a uma outra questão: como conquistar a harmonia?


O desequilíbrio acontece sempre que tentamos ser aquilo que não somos, negamos nossos talentos e criamos uma personagem que represente o que acreditamos que deveríamos ser. Em outras palavras, quando deixamos de ser naturais e espontâneos.


A verdadeira harmonia começa no reconhecimento da nossa natureza interior e no entendimento de que tudo está ligado a uma única ordem, a do mundo natural. Existe um fluxo entre o que somos e tudo que nos rodeia, uma energia que não deve ser interrompida porque disso depende o equilíbrio de tudo.


Perdemos muito tempo com ânsia de dominar a natureza, numa tentativa de recriar o mundo, sem perceber que ela começa em nós, na individualidade de cada ser, e flui alimentando a vida. Quando olhamos para dentro de nós, descobrimos o mundo.